20 agosto 2007

Arqueólogos continuam em busca da antiga Laccobriga


Na vertente sul do Monte Molião, em frente à actual cidade de Lagos, foram descobertos fornos do Alto Império romano.

O Monte Molião, na entrada da cidade de Lagos, poderá ser o que resta da antiga Lacoccobriga das fontes clássicas. Terá sido este o local sitiado pelas tropas comandadas por Metelo e que Sertório «libertou».

São pelos menos esses os indícios que os trabalhos arqueológicos de campo que estão a decorrer este ano, levados a cabo pela equipa liderada Ana Margarida Arruda, da Faculdade de Letras de Lisboa, no Monte Molião, têm trazido à luz do dia.

Este sítio, localizado frente à cidade, do outro lado da ribeira, tornou-se uma referência incontornável da arqueologia algarvia e a sua identificação com a Laccobriga referida nas fontes clássicas (povoação antiga que teve um papel importante nas guerras lusitano-romanas) tem levado à criação de toda uma mistificação arqueológica em torno do local.

Pela sua importância, mas também como uma forma de conhecer e preservar as origens de Lagos e dos lacobrigenses, a Câmara local, em conjunto com a Universidade de Lisboa, começou, no Verão passado, a primeira campanha de escavação arqueológica sistemática no Monte Molião.

Os trabalhos de 2006 vieram ajudar a desenterrar um passado bem longínquo, uma vez que a ocupação do sítio ocorreu entre finais do século IV antes de Cristo e os inícios do século II d.C, ou seja, entre 2400 a 1800 anos atrás.

Estas descobertas vêm sustentar a existência de uma ocupação pré-romana naquele sítio, que, embora tivesse sido presumida por anteriores investigadores, nunca tinha sido confirmada no terreno, com escavações arqueológicas, como aconteceu agora.

Este ano, os arqueólogos e dezenas de alunos foram mais longe e fizeram sondagens de micro-topografia e prospecção geofísica.

Segundo o arqueólogo Pedro Lourenço, responsável pelos trabalhos na zona A, «estes trabalhos mostram-nos que esta era uma zona densamente povoada. Encontramos aqui estruturas que poderão fazer parte de um grande edifício público», esclareceu.

Associadas a essas estruturas, que datam do século I e II da era cristã, foram recolhidos numerosos materiais arqueológicos, sobretudo cerâmica, moedas, vidros e anzóis, que, segundo Pedro Lourenço, indicam que «esta zona tinha actividade piscatória».

Mas foi o lado Sul do Molião que trouxe mais surpresas, este ano. «Aqui podem ver-se grandes áreas com tijolos, estruturas circulares que correspondem a fornos. Determinámos que são da época romana, do período do Alto Império, datados dos séculos I e II d.C», explicava ao «barlavento» Patrícia Bargão, arqueóloga responsável pelas escavações na área C.

«Poderão ser fornos domésticos, comunitários, ou poderão ser fornos de cerâmica comum», acrescentou.

Mas a ocupação deste esporão iniciou-se, contudo, em época pré-romana. As estruturas encontradas e que estão escavadas na rocha demonstram uma ocupação mais antiga, correspondente à segunda Idade do Ferro, séculos IV/III antes de Cristo, disse Patrícia Bargão.

Os vestígios desta época poderão ter pertencido a habitações ou espaços domésticos.

Segundo Elena Morán, arqueóloga da Câmara de Lagos, as populações que habitaram o Monte Molião nesta altura «estavam incluídas nos circuitos comerciais mediterrâneos, a avaliar pelas importações de cerâmicas gregas já identificadas».

No dia 30 de Agosto, terão lugar as Jornadas de Portas Abertas, durante as quais os investigadores apresentarão ao público os resultados destes dois anos de trabalho.

Fuente: Barlovento

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